segunda-feira, 27 de abril de 2009

Une Goutte de Pluie

Olhando de longe, as vejo cair como goiabas podres no chão. Elas vão se aglomerando e formam um grande lago barulhento. Enquanto as observo, todas as minhas dúvidas fogem.
Há uma força que as puxam tão fortemente que elas não têm escolha. Imagine se um dia resolvessem ir para onde querem? É só olhá-las e tudo fica bem. Nas janelas elas batem. As vejo se desfazendo e não penso em nada além delas.
Gouttes.
Duas se juntam e formam tudo numa coisa só. Duas, três, quatro...
É bonito de se ver.
Relâmpagos e trovões.
E enquanto tudo acontece, elas nos jorram um sentimento único. Só experimentando para entender.
Único.
Fabuloso!
Como seria se eu fosse uma delas?

domingo, 26 de abril de 2009

Megan

Megan
Esao Andrews



Sol e Mar

O sol veio avisar que iria se pôr para dar lugar á lua. O céu ficou um vermelho mesclado com baunilha e o mar batia feroz nas pedras pretas que repousavam. O mar batia nas pedras como nunca batera antes e nem nunca vai bater, cada onda era diferente e será. Na verdade, isso é carinho! Elas não batem para machucar, apenas para modificar. É um processo natural, que só o homem mesmo para atrapalhar. Humanos... se acham tão racionais! Viver orientado pela razão é destruir a possibilidade de viver.
O vento soprava forte e transparente. As gaivotas cortavam o ar com uma rapidez tão sublime que um sorriso abria, só de olhar. E aos poucos mais o sol se escondia, o vermelho já era um laranja escuro e o céu, um rosa querendo escurecer ainda mais. O contraste do gigante reluzente com o pequeno á remo era no mínimo engraçado. Enquanto ouvia algumas vozes, olhava ao meu redor e sentia a energia, nada mais que a energia que aquelas cores, aquele ar e aquelas ondas passavam. A vida parecia tão simples de lá. Na verdade, a vida não é tão complicada assim... o ritmo é você quem faz e a cor, é você quem pinta!

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ps: Tudo em excesso é ruim.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Positivo ou negativo

Vivemos num mundo de contradições. Segundo Parmênides, o universo se divide em pares contrários: luz/escuridão; fino/grosso; frio/quente; ser/não ser; sim/não. Ele considerava que um dos pólos da contradição era positivo e o outro negativo. O positivo seria a luz, o ser, o sim. Já o negativo seria a escuridão, o não ser, o não. Mas o que realmente é positivo e negativo? Parmênides teria ou não razão? Essa é a questão.
Nesse mundo onde tudo é cinicamente permitido, é difícil saber o que é positivo ou negativo, certo ou errado. Já que cada indivíduo carrega na cabeça um instrumento que pensa de maneira diferente, o que é certo para mim, pode ser errado para você.
Paradoxo. Eterna contradição!
Mas o que fazer? Ser? Não ser? Direita ou Esquerda? Ai, que confusão! Tantas perguntas, nenhuma resposta. No fundo, isso deve ser a real beleza da vida. Se tivessemos todas as respostas seria tedioso. Tédio... O que seria o tédio? Você tem preguiça de levantar da cadeira e fazer alguma coisa. Culpa do tédio. Tédio, será que você não vê que é o culpado de tudo? Tédio/agito?
Chega.
Parei por aqui.
Só tenho certeza de uma coisa (será que tenho mesmo?), quanto menos respostas eu tenho, mais perguntas eu quero fazer. E no fundo, eu gosto disso.
Gosto muito.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Encanta

Você canta
Canta como canto
Me encanta

Retrato vivo
Morte?
Vida.

Vida entregue,
Que me entregaste
Que me deste para amar

E amo

Amo muito.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Bolha

"É isso? Acabou?"
Essa foi a primeira coisa que ela pensou quando chegou ao Vale dos Mortos. Tudo aquilo que imaginara, tudo o que sempre a disseram, simplismente não aconteceu. Alicia lembra-se muito bem de como era a vida. Tinha cores e sentimentos. A morte é preta e insensível, é nula. Ela sempre imaginou que existia um céu de anjinhos e um inferno do Diabo. Agora ela sabia que a realidade era diferente. E bem que ela gostaria de não saber e viver mais!
Alicia sempre foi o tipo de pessoa ativa que está sempre pronta para a próxima. Agora ela não estava, não era e não conseguia ser. Era indiferente. Zero. Neutro. Nulo. Nem um e nem outro. Nada. Não há felicidade eterna e muito menos dores e chicotes infernais.
Doce ilusão.
Uma grande bolha pensante que flutua por um universo complexo.
Assim Alicia se define agora. Ela pensa mas não sente. Não há corpo, só pensamento. Uma bolha. Alicia não queria morrer. Mas esse é o tipo de coisa que a gente não escolhe. Apenas morre. Ela agora sonha com o dia em que sua bolha vai estourar e ela vai ser livre. "De que adianta pensar e não sentir?" Era o que a menina sempre pensava.
Pensava... pensava... pensava...
De repente: "pluft!"
Nunca foi nem nunca mais será.
Nulo. Escuro.
Vazio.
Fim.